Pobre menina, não para de sonhar. Adentra aos restaurantes chiques, com a venda de suas flores, à compromissar os casais enamorados. Em cada botão de rosa, um sorriso, três distintas alegrias: um abraço da necessidade, com os entusiasmos dos corações apaixonados. Celebra parindo sua fome, em meio às celebrações dos que se regozijam. Em pensamentos insípidos, sobre hipnótica seia, retorna menina cinderela, dos pés calejados. Do aroma floral, ao metal e papel; com eles, os sonhos que não ultrapassam alguns poucos metros quadrados. Nos reencontros com o luxo, seus sorrisos são empurrados pelos carrascos que não lhe permitem escolhas. Vende oportunidades, mas sua alma é incólume. Retorna criança de Deus à deleitar-se no odor dos prazeres daqueles que não te enxergam. Apenas vive seu dia, na esperança de que ele seja igual, ou pouco melhor que o ontem. Sofre quieta, saltita de alegrias diante do mínimo que pode sustentar. Contos de fadas, onde os livros que lia, não lhe permitiram chegar à página rasgada e queimada, sobre os finais felizes. Caminhava em relógio sem ponteiros, onde seu passado, era presente e futuro.