No passado, vultos!

Vizinhanças, escolas, mudanças e mudanças. Uma vida não se faz apenas em um lugar. Fui criado como todos os brasileirinhos, filhos de brasileiros que não nasceram em palácios. É hora de começar de novo. Casa nova alugada, novos amigos, novos colégios, novas salas de aulas e professores. Mais um ano diferente, carregado por necessárias adaptações, que logo darão espaço para outras movimentações. Um mundo novo em cada canto, numa incessante incapacidade de estabelecer laços com carinhosas confraternizações. Vida cigana.
Meu nome apagado por muitos, e muitos que desapareceram nas linhas da próxima página de minhas lembranças. Olhando para trás, vejo somente os que ainda me acompanham no presente. Vivo como no universo com infinitas estrelas, e dentro das mesmas possibilidades em encontrar planetas semelhantes a maravilhosa Terra. Na raridade, no conceito da mais sublime identidade de uma amizade. Em meio a uma multidão que resplandece e logo desaparece na insignificância de suas relevâncias, que ostente sobrevivência em todos os meus aspectos. 
Nas portas do trabalho, a companhia transitória, ainda mais itinerante que dantes. O vai e vem, acorrentado pelas horas de um tempo que aposenta seus mortos. Não tem sentido. Nada pode ser colorido além da tela dos sonhos de um artista.